Da chuva interna


Um pingo, outro pingo, mais um pingo e o céu feito de algodão desaba como se cada gota carregasse dentro de si uma enorme e pesada carga de aborrecimentos, preocupações, ocupações, fios de cabelo caindo, sobrancelhas abaixadas e gritos. Como se cada molécula de água estivesse fervendo e ao caírem fazem o chão pedir socorro e todo o ambiente e toda a atmosfera se molham, ou melhor, se exaustam de serem molhados.


Mais um pingo, outro pingo, um pingo e o céu fica nu. O que restou? De que adiantaram tantas rugas e fios brancos? Onde estava Deus quando foi preciso aquele pente fino que tira toda imperfeição do caminho? Onde estava Aquele que não falha e que merece confiança por não ser só uma força imutável e inexplicável? Onde foi parar a palavra dAquele que faz nova todas as coisas? Onde Ele esteve no momento atribulado? Ele não disse que lá estaria?


Ele sempre esteve exatamente onde foi colocado. E nós? Em que lugar estamos?


"Muitos propósitos há no coração do homem, mas o desígnio do Senhor permanecerá". Provérbios 19:20

1 comentários:

Caio Coletti disse...

Babi, que tenso, que duro e que bonito esse seu texto! Ele nos dá uma liçao importante: não adianta culpar os outros, Deus, o destino ou quem/oquê seja, a culpa dos nossos problemas, das nossas dúvidas, das nossas angústias, é toda nossa!

E somos nós que temos que procurar nos encontrar em meio a essa chuva interna de que você falou. Excelente texto, mesmo!

Beijão!

 
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